A mágoa tem prazo de validade. Pode durar dias, meses ou anos. Mas cedo ou tarde, ela se dissolve, como sal na água. A mágoa está ligada ao ego — ao que esperávamos do outro, ao que acreditamos merecer, ao que não foi dito ou feito.

Ela grita. Ela cobra. Ela quer justiça. Mas a mágoa é racional. Ela tem começo, meio e fim.

Já a dor do amor… essa não passa. Ela silencia. Ela sussurra nos momentos de solidão. Ela reaparece em sonhos, em cheiros, em músicas que nos pegam desprevenidos. Ela não está no ego — está na alma.

A dor do amor verdadeiro não é mágoa. Não acusa. Não exige reparação. Ela só sente. E continua amando mesmo na ausência. Mesmo no fim.

Essa dor não é sofrimento. É memória viva. É marca de algo que foi real. Que tocou o espírito e o transformou. E que, por isso, jamais será esquecido.

Na Umbanda, os Pretos Velhos ensinam que há dores que não devemos curar… Devemos transmutar. Porque elas carregam aprendizados profundos, como raízes antigas que sustentam a árvore da alma.

E Exú diz: “Não jogue fora a dor do amor. Transforme em sabedoria. Transforme em canto. Transforme em força.”